Tuesday, December 16, 2008

Urgências Vila do Conde

João Carvalho: Quais foram então as medidas tomadas em relação ao serviço de Vila do Conde?
Dr.Pacheco Ferreira:
Tivemos cuidados para que os Vilacondenses tivessem, ali, a possibilidade de serem atendidos, num primeiro contacto, observados, procederem a exames complementares de diagnóstico, análises e raio-x, desde as 7:00 da manhã até à 1:00. Ao mesmo tempo, pretende-se que o utente tenha uma proximidade com o médico de família, através do desenvolvimento dos sistemas informáticos. Durante o período da 1:00 às 7:00, o apoio será feito por uma ambulância com suporte básico de vida, um médico e um paramédico, para transportar o doente para onde for necessário e dar uma primeira resposta ao problema.



João Carvalho: Quais foram as razões que levaram a esta posição da Câmara Municipal?
Dr. Pacheco Ferreira:
Esta posição da Câmara é resultante de estudos, números de proximidade, perspectivando a melhor forma de proporcionar o melhor possível ao utente, quer a nível de qualidade quer de resposta. Foram também tidos em conta os aspectos financeiros aos quais o Serviço Nacional de Saúde não pode ser alheio.



João Carvalho: E qual será o destino da antiga urgência?
Dr.Pacheco Ferreira:
A Câmara teve também uma postura importante quanto ao encerramento físico da unidade de urgência, que acabou por ser mantido, tendo sido este assunto discutido exaustivamente, com contrapartidas, como a criação de uma consulta aberta e ter o SASU, nas Caxinas, aberto. Isto permite a Vila do Conde fazer uma triagem concreta e redireccionar os casos necessários para o centro hospitalar que tenha capacidade de dar a melhor resposta.



Mário de Almeida, Presidente da Câmara de Vila do Conde, demonstrou-se recentemente orgulhoso com o facto de ter conseguido manter o serviço de dia. No entanto, o despacho assinado pela ministra da saúde Ana Jorge indica que "o denominado serviço de Urgência não reúne as condições mínimas (…), além de suscitar incertezas nos utentes, relativamente à sua qualificação como verdadeiro serviço de Urgência, assim transmitindo uma falsa sensação de segurança”. O serviço, explica ainda, não tem serviços de apoio essenciais "como raio-X ou o apoio laboratorial, nem existem intervenções cirúrgicas de urgência". Estes factos levariam a que a actual consulta aberta, da qual o presidente se congratula, não funcionasse nas melhores condições. Pacheco Ferreira afirma que os exames complementares de diagnóstico existem,no horário diurno, ao nível “de análises e radiologia, os serviços estão adequados às eventuais necessidades de uma primeira abordagem, pois no hospital de Vila do Conde vigora a medicina interna, aplicada por internistas residentes. ” No que concerne á cirurgia, defende que “há muito que esta não funciona em Vila do Conde, sendo os doentes transportados para o Hospital da Póvoa de Varzim.


João Carvalho: Como médico, acha que um “serviço de urgência” com apenas uma ambulância, um médico e um paramédico, é suficiente?
Pacheco Ferreira:
Se, em alguma circunstância, em casa, no trabalho ou qualquer outro caso, tiver a possibilidade de ligar o 112, ser abordado por alguém capacitado para isso, ter uma boa primeira abordagem e ser direccionado para o síto mais indicado, eu ficaria muito mais tranquilo. Numa situação de dúvida, de choque ou pré-choque, em que as pessoas se deslocam até ao hospital sem aparente problema, será dada a mesma resposta e tomadas as mesmas precauções.




Uma das principais razões para o fecho das urgências foi o facto de, segundo declarações do Presidente da Câmara, o serviço ter um número muito reduzido de utentes, pelo que não se justificaria continuar aberto. Os números da oposição são um pouco diferentes: "É incompreensível", afirma o PSD, lembrando que a Urgência de Vila do Conde atende 140 doentes por dia e mais de 10 no período nocturno, e recebeu, há dois anos, novas instalações, num investimento público de 500 mil euros. Os sociai democratas indicam ainda que a trasnferência irá causar o “caos” nos outros serviços de urgência. Pacheco Ferreira diz que os números não são esses. “No máximo, durante o período nocturno, temos 5 utentes. Regra geral, são 3 a 4 doentes por noite. Durante o dia, os números são inferiores a 140 pessoas.” Refere também o facto de os números poderem ser ainda menores, pois “certas pessoas ainda têm uma mentalidade que as leva a deslocarem-se às urgências em qualquer caso.” Quanto ao “caos” possívelmente criado nos outros serviços de urgência, Pacheco Ferreia afirma que “a triagem realizada evitará essa situação de congestionamento das urgências.O autarca conclui dizendo que, analisados os prós e os contras, não se justifica o funcionamento da urgência.

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