João Carvalho: Outro dos temas abordado recentemente está relacionado com a construção do novo centro hospitalar. É para avançar?
Dr. Pacheco Ferreira: É. A localização está já definida, perto do estádio do Rio Ave F.C. Esta localização resulta de um entendimento entre as duas autaraquias, de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, que já vem sendo habitual, salientando-se os casos da construção da ESEIG (escola superior de estudos industriais e gestão) e de uma Etar que está também a ser planeada. Houve situações que retardaram este projecto comum, nomeadamente entre o Governo Central e as duas Câmaras no que diz respeito à factura dos terrenos. Quer o governo PSD como o governo PS entendiam que isso deveria competir às autarquias. Era um valor muito elevado, na ordem dos 1.500 milhões de euros, isto há 10/15 anos. Isso foi ultrapassado, criando uma empresa público-privada que ficaria responsável pelo encargo dos terrenos. Ficariam ao encargo das autarquias as infra-estruturas envolventes para que a proximidade do hospital seja a melhor possível.
João Carvalho: Quais serão as características do novo hospital?
Dr. Pacheco Ferreira: À posteriori houve um estudo de funcionalidade do hospital, olhando às características da população e decidir as especialidades que deveria ter dentro dos seus serviços. É óbvio que não estaremos à espera duma neuro-cirurgia pois não se trata de um hospital central, mas terão de ser tidas em conta situações como a doença dos pézinhos que tem bastante incidência nesta região.
João Carvalho: Para quando o novo hospital?
Dr. Pacheco Ferreira: Depois de feito esse estudo, seguia-se a etapa de concepção, realização, do projecto. Neste primeiro semestre haverá, então, um concurso a nível europeu, que é um concurso que demorará, pelas razões implicitas num projecto desta envergadura. Se tudo correr como planeado, o segundo semestre será de arranque e em 2012 teremos a nova unidade.
João Carvalho: Um hospital será suficiente para 2 concelhos que têm, entre si, mais de 140 mil pessoas?
Dr.Pacheco Ferreira: o estudo será feito tendo isso em conta. Os 140 mil poderão ser mais. Uma empresa público-privada entra no campo do mercado, da concorrência, e uma melhor qualidade de oferta poderá atrair pessoas de outros concelhos próximos como Barcelos, Vila Nova de Famalicão, entre outros. Não podemos também descurar o facto de existirem algumas unidades privadas, que estão a crescer, o que representará uma concorrência que eu acho que é importante. Perto de nós existe já a Clipóvoa, a qualquer altura, na Maia, surgirá uma nova unidade hospitalar. Existe, na Trofa, uma unidade hospitalar que funciona já há uns tempos e com qualidade. Mas isso é importantíssimo que aconteça para que haja uma concorrência de serviços que só vai beneficiar os utentes.
João Carvalho: Não acha que o fecho das urgências servirá para dar vantagem à concorrência privada?
Dr Pacheco Ferreira: Eu defendo a livre concorrência e quem, de facto, for capaz de prestar os melhores serviços terá correspondência efectiva dos serviços que presta, seja público ou privado. A minha opinião, enquanto médico, vilacondense e como político ligado a esta área política, é de que qualquer cidadão tem que ter direito á saúde e ter o mínimo, garantido pelo estado, e com esse mínimo pode escolher pelo privado ou pelo público. Não deve ser só alguém com mais capacidade financeira a ter acesso às melhores condições.
Pacheco Ferreira, embora defensor da concorrência livre, entende que devem haver salvaguardas. “Algum tipo de situações em que instituições sejam subsidiadas pelo estado e por todos nós, vão praticar preços honorários, a concorrência torna-se desleal.” O autarca defende que deve haver um nivelamento de preços e, a partir daí, a pessoa deve poder escolher livremente o serviço que prefere, e não haver uma “concorrência pela negativa, que não beneficia ninguém”.
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